A Eterna Noiva do Planalto

Pedro Abranches é compositor, ator e psicólogo. Paulinho Valério é músico, compositor e desenhista. Amigos e parceiros de longa data, são nascidos em Palmital e decidiram homenagear os 100 anos, completados em 21 de abril de 2020, de emancipação da terra natal gravando uma música e produzindo o curta-metragem “A ETERNA NOIVA DO PLANALTO”.

A ETERNA NOIVA DO PLANALTO

(Pedro Ramos e Paulinho Valério)

Eu sou o amor proibido da eterna noiva do planalto,

Desde a terra vermelha batida até a chegada do asfalto.

Noiva do planalto há 100 anos,

Noiva do planalto e seus planos.

Meu verso te enobrece e me entristece, cada

Cidade tem o Bob Dylan que merece.

Numa tempestade de poeira de um reino distante você chegou,

O céu carregado, exaltado, vendo seu destino ele chorou.

Chuva que caía, lágrimas de alegria o solo abençoou,

E o vestido estonteante da noiva errante a terra manchou.  

REFRÃO

Certa noite a prometida com uma cerimônia linda ela sonhou,

Numa capela às margens do Paranapanema a bela entrou.

O buquê arremessado, na palmeira enroscado, o mundo desabou,

Aliança de ouro e com vozes de um vibrante coro a noiva despertou.

REFRÃO

Eis que de repente a donzela supostamente enriqueceu,

Em meio a tantas promessas e cafezais em flor surpreendeu.

O trem, a estrada de ferro de longe também trouxe erva daninha,

A maldição de até hoje não saber se eu tô pra lá ou pra cá da linha.

REFRÃO

E o vento levou e na corneta o Jota Almeida anunciou um bang-bang no cinema.

O footing na praça rolando e a noiva tentando resolver seu problema.

No filme ela se via em cenas de euforia com um forasteiro apaixonado,

Um amor, o Cowboy que na chacina de 22 foi baleado. REFRÃO

Em uma quermesse assombrando aparece sob a luz de uma lamparina,

Um mascate se dizendo o legitimo herdeiro do coração da doce menina.

Todos assustados defenderam ela armados e tudo acabou

Com a mira certeira pois a oração da benzedeira o mal expulsou.

SOLO – REFRÃO

Ela seguiu nessa lida procurando pra sua vida um feliz final.

Nos bagaços da usina, pelas festas juninas, e em blocos de carnaval,

Entre as violas caipiras e guitarras de rock no réveillon do pontilhão,

Pelas bandeiras de Reis, pra descobrir de uma vez onde estaria a sua paixão.

Uma luz brilhou e sua alma iluminou num momento de fé,

Depois de uma trágica geada com a vida retomada prometeu a mulher:

– Jamais me casarei porque sei que o meu coração e minha memória

É de todo aquele que conta, honra e respeita minha história.